OS PENSAMENTOS DE VERÔNICA E A MORTE DE BIANCA A QUENGA VELHA

Riacho das quengas – Joilson Assis 114
Capitulo V11



De volta a sociedade dos mortos as lágrimas se tornaram em raiva, revolta contra tudo e todos. Como aquelas “bruacas” xíques eram mais importantes do que eu? Muitas delas não eram tão fieis assim aos princípios morais e eu sabia também de seus podres e as minhas amigas de trabalho sabiam mais ainda. A raiva me cegou e eu fiz cartas para os maridos delas contando as aventuras de suas santas mulheres. As cartas que distribui diziam em detalhes as aventuras de suas mulheres, mas aparentemente nada aconteceu. Como os ricos costumam resolver suas causas silenciosamente acredito que o assunto foi tratado entre paredes. Dona Diniz ainda tinha a minha admiração e respeito, mas o pior estava dentro de meu útero, um filho de seu marido ou filho. Era mais uma vida que estava para surgir no mundo que para alguns é gentil e para outros tremendamente cruel.
Os dias passam rápidos e as nossas forças se vão como água na seca. Bianca ainda continuava entre as quengas e bebia muito para afogar a idéia que tinha ficado velha e só, pobre e sem horizontes. Era uma tristeza ambulante! Um certo dia, grávida fui acordada por Sara.
- Verônica venha ver uma coisa, venha!
- O que é Sara?


















Riacho das quengas – Joilson Assis 115


Era o corpo de Bianca as margens do açude que ela viu ser construído pelo prefeito Cristiano Laurinthz, ao lado do riacho que traz o nome de um guerreiro: Bodocongó. Ninguém sabe por que ela morreu. Fizemos uma cova e enterramos a velha e sofrida quenga. Aquela que deu tanto alivio a vários homens não tinha nem mesmo onde cair morta. Ela tinha vindo da cidade de Pedra bonita, Itaporanga, ainda jovem e tudo que aprendeu a fazer foi ser mulher da vida. Os filhos que teve deu para ricos criarem, deixou nas portas o que saiu de dentro de seu útero e nem mesmo a sua família se importava com ela. Vendo aquele corpo caído junto ao açude de seus amores me assustei com a realidade final da maioria das quengas. Os homens passavam, olhavam e iam embora sem prestar nenhuma atenção.
- Quem é?
- É aquela quenga bêbada.
- Há ta vendo.
Bianca parecia que não tinha nome, era tratada como a quenga velha, a quenga bêbada etc. Será que ela não tinha sonhos? Será que ela não era gente? A realidade de Bianca me assustou tremendamente e repentinamente uma idéia sombria de meu destino se apresentou em minha frente. Eu não podia acreditar que, eu podia um dia adiante, estar como o corpo da velha e querida Bianca que nem mesmo sabíamos o sobrenome ou se este nome Bianca era o nome verdadeiro ou de guerra, um pseudônimo. Foi









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